segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Mosquito Aedes aegypti pode transmitir novo vírus


O Dia

Os pesquisadores da UFRJ lançam um alerta para este verão: a provável infecção simultânea pelos vírus da dengue e mayaro por intermédio do Aedes aegypti. A hipótese, se comprovada cientificamente, será a confirmação de mais uma enfermidade transmitida pelo mosquito em áreas urbanas do Rio, além da dengue, zika echikungunya. As pesquisas estão em andamento no Laboratório de Virologia Molecular da universidade, no Fundão.
A descoberta da circulação de mayaro no Rio foi anunciada pelos pesquisadores da UFRJ em maio, com a confirmação de três pessoas infectadas em Niterói. Caso o vírus, que circula na Amazônia e em áreas silvestres do Centro-Oeste e tem os mosquitos Haemagogus e Sabethes como vetor, esteja sendo transmitido pelo Aedes aegypti, os cientistas irão comprovar a associação entre dengue e mayaro e a dupla infecção nas cidades.
“O que temos por enquanto são fortes indícios de que isso esteja acontecendo. Em Goiânia, houve uma epidemia de mayaro em 2016. E constatamos, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), que 90% das pessoas infectadas com mayaro tinham dengue também. É muito pouco provável que elas tenham sido picadas por diferentes mosquitos”, explica o virologista Rodrigo Brindeiro.A suspeita de dupla infecção é reforçada pelo fato de as três pessoas que tiveram mayaro em Niterói não terem circulado em áreas silvestres. “A hipótese que tentamos confirmar é se o vírus da dengue abre caminho para a infecção por mayaro no Aedes aegypti. Estamos analisando mosquitos de Goiás e há indícios de que eles estejam infectados por ambos os vírus”, diz o cientista.
Pesquisas para kit de diagnóstico
Os sintomas do vírus mayaro são semelhantes aos da chikungunya: febre, dor de cabeça, náusea, vômito e dores intensas nas articulações que podem durar até três anos. Segundo o cientista Rodrigo Brindeiro, o índice de indeterminação para chikungunya gira em torno de 25%, mais alto do que para dengue e zika: cerca de 5%. Para Brindeiro, pode ser que boa parte dos casos notificados como chikungunya seja, na verdade, infecção por mayaro.“Por isso estamos empenhados em desenvolver um kit para diagnóstico preciso para mayaro, que ainda não existe no Brasil”, diz Brindeiro.


Outra frente de pesquisas na UFRJ é o impacto em células animais da dupla infecção por mayaro e dengue. Um dos pesquisadores envolvidos no estudo é o americano Harrison Westgarth: “Escolhi vir ao Brasil fazer mestrado e fico feliz em poder estudar algo tão importante para a sociedade”.

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